Um reconhecido médico pediatra de Umuarama, é acusado de abusar sexualmente de pelo menos quatro mulheres. Allessio Fiore Sandri é respeitado na cidade, e atende crianças e adolescentes desde os anos 90. Com uma reputação de ouro, ninguém poderia imaginar o que terror que acontecia com mulheres dentro do consultório do médico.
A atriz Nina Marqueti, uma das vítimas do médico, relembra que sofreu o abuso na adolescência, quando ainda morava na cidade. “Ele começou a me tocar assim, e eu lembro que ele abaixou a minha calça, a minha calcinha“, conta a vítima.
Atualmente, Nina mora em Nova Iorque, nos Estados Unidos (EUA), e encontrou na cidade uma maneira de curar o seu trauma. No palco, Nina interpreta sua própria história para encorajar outras milhares de vítimas de abuso. “Ele OLHOU pra mim de uma maneira, e falou ‘eu não consigo trabalhar com você porque você não relaxa’. Eu fiquei olhando em volta, e nada era condizente, nada do cenário era condizente com o que estava acontecendo comigo, sabe? Olhei e tinha uma cruz pendurada na parede dele, tinha foto da família, tinha diploma, tipo… quem é essa pessoa?”, relembra Nina em meio a lágrimas.
Quase dez anos após o trauma, Nina tomou coragem para denunciar o médico, e para sua surpresa descobriu que não estava sozinha: outras três denúncias já haviam sido registradas contra o pediatra no Brasil.
“Você é tomado por uma tristeza imensa. Um sentimento de injustiça. Eu sei o que aconteceu. Eu sei que tem alguém que fez esse tipo de cosia comigo”.
Em 2018, uma outra vítima foi escolhida para um estágio de recepcionista na clínica do pediatra de Umuarama, e no quinto dia de trabalho o pior aconteceu.
Ao se queixar de dor na garganta, a vítima relembra que Alessio pediu que ela tirasse a blusa para que ele pudesse a examinar.“Ele pediu pra eu erguer a blusa, para ele ouvir meu coração. Uma coisa que eu achei meio estranha na verdade. Depois pediu para eu me deitar na maca, e nisso muito ligeiro e disfarçadamente ele foi abaixando a minha calça e conseguiu colocar a mão por dentro da minha calcinha”, contou a jovem.
De acordo com a ex-estagiária de Alessio, ela lembra dos momentos que antecederam o abuso. “Ele começou a falar da filha dele, que a filha dele tinha um corpo muito bonito, e mostrou uma foto dela nua como se fosse algo normal, que não é na verdade”.
Logo depois de sofrer o abuso, a vítima registrou o crime na Delegacia da Mulher de Umuarama em 10 de outubro de 2018. Entretanto, um ano antes, em 6 de novembro de 2017, um outro boletim de ocorrência contra o mesmo médico também havia sido registrado por uma adolescente de 13 anos.
Conforme a vítima que fez a denúncia em 2017, ela ficou sozinha no consultório atendendo a um pedido do próprio pediatra.“Eu achei que ele ia pra dar um beijo na bochecha, e acabou acertando no cantinho da boca. Aí depois ele segurou a minha cintura e me deu um selinho”, relembra a adolescente.
Logo depois do acontecido, a família da jovem registrou um boletim de ocorrência, e logo em seguida a esposa do médico entrou em contato com a família.
“A esposa dele, dizendo-se muito abalada, muito constrangida disse ‘olha não faça isso com a minha família, você vai destruir a nossa família’. Aí eu expliquei pra ela que ela estava se fazendo de vítima, mas a vítima era a minha filha”, conta o pai da adolescente.
No momento, o caso da adolescente é o único em que o médico Allessio Fiore Sandri já virou réu, e responde por estupro de vulnerável e crime contra a dignidade sexual.
De acordo com a equipe de reportagem do Jornal da Record, por dois anos o inquérito sobre o caso ficou parado no Mistério Público de Umuarama, e só foi enviado ao juiz quando uma equipe da Record começou a investigar as denúncias.
Além disso, procurado, o médico acusado não quis gravar entrevista, e apenas afirmou que o caso está nas mãos da justiça.
Conforme o histórico em nome do médico, o primeira caso que se tem denúncia foi registrada em 1995, dentro de um hospital.
De acordo com a vítima, que afirma que estava meio desacordada no momento do abuso, ela não entendia o motivo de tais exames estarem sendo feitos de forma invasiva.“Ele tocou no meio seio, tocou nas minhas partes íntimas. Aí eu assustei, acabei levantando, e foi aí que ele saiu do quarto”.
Apesar de pouco mais de 20 anos após o crime, a vítima resolveu registrar queixa logo depois de ver que mais boletins de ocorrência estavam sendo registrados no nome do médico.
“Fiz para poder juntar como prova, já que o meu está prescrito né? É possível que exista uma grande quantidade de vítimas”, conclui a mulher.
Procurada a defesa de Alessio negou que o médico tenha praticado os abusos.
No momento, o caso sobre o pediatra de Umuarama segue sendo investigado, e corre em segredo de justiça.
Fonte: RIC MAIS
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